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Foto do escritorEduardo Rui Alves

Agarrar o Tempo

Atualizado: 27 de set.

O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem.

O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem.



1)   Para início de conversa


O tempo é esta dimensão fugaz e efémera que parece que escapa ao nosso domínio e se esvai como areia entre os dedos.


Cronos, o deus do tempo, é filho do Céu e da Terra. É uma figura tão suprema que é pai de Zeus, o chefe dos Deuses do Olimpo. Os romanos chamaram Saturno a Cronos.


O tempo é considerado imutável e ficamos todos estupefactos quando Einstein veio dizer que o tempo é... relativo. Se eu viajar à velocidade da luz, o tempo para mim decorre mais lentamente do que para quem está parado.


Einstein, no seu gabinete de patentes, não devia ter a vida muito ocupada para chegar a esta conclusão. Na verdade, para quem anda a correr de um lado para o outro é que parece que o tempo passa mais depressa. Mas a verdade é que nas minhas tarefas diárias também nunca viajei, nem perto da velocidade da luz...


O segredo para dominar o tempo é torná-lo palpável, ou pelo menos visível.


Para a gestão de tempo por um docente, é preciso ter em conta os vários ciclos.


Convém recordar que os nossos calendários estão dependentes de dois importantes astros: o Sol e a Lua.


Os ciclos solares dão origem ao ano e ao dia, mas a Lua dá origem ao mês numa aproximação aos 28 dias. Dividindo este número pelas 4 fases da Lua (28 : 7) surge a semana, um ciclo básico para o trabalho nas escolas.


Na verdade, os horários escolares assentam na semana.


A escola tem dois principais atores a intervir: alunos e docente.


2)   A gestão temporal do docente


Tempo 01P - O ano letivo 


Assim, a gestão de tempo por um docente deve começar pela visão global do ano letivo dividido em meses.


É preciso ter uma visão global do ano letivo. Numa folha A4 é necessário colocar todo o ano letivo de Setembro do presente ano até Agosto do ano seguinte.


Aí assinalaremos as interrupções, os momentos de avaliação intercalar e de final de semestre.


Numa única folha, uma visão geral.





Tempo 02P - O mês


Depois há os calendários mensais, mês após mês, para cada docente individualmente, mas também para partilhar na sala de professores.


É uma unidade intermédia que dá conta da altura do ano em que estamos. Na verdade, falar em Dezembro ou em Maio tem um impacto psicológico completamente diferente.


Em Portugal a escola estava profundamente agarrada ao calendário religioso. Com o ano letivo dividido em 3 períodos, o último período seria, ora muito longo, ora extremamente curto.


A separação em semestres veio dar outra dinâmica os ritmos escolares.





Tempo 03P - 30 semanas numa golfada


Aqui temos um calendário anual dividido em semanas, mas numa única folha A4, assinaladas as interrupções letivas e os feriados.


Rodam à volta de 32 semanas completas um ano letivo em Portugal.


As atividades escolares, sejam as unidades didáticas, os vários projetos e as mais diversas atividades necessitam de ser planeadas à semana.


É um momento doloroso, prever como dividir o ano letivo em unidades didáticas ou assinalar os vários projetos tendo em conta o momento em que ocorrerão e a sua duração. É aqui que ganhamos consciência que o tempo vai ser curto. Será que já viajamos à velocidade da luz sem nos apercebermos?


Com lápis e régua é uma tarefas angustiante, garanto-vos.


Tendo o professor poucas turmas, cada turma terá uma folha destas.





Tempo 04P - A ditadura da semana


Depois vem o planeamento mais fino, mas ainda de forma anual em 5 folhas A4, devidamente coladas, com todo o ano letivo de Setembro a Junho, com cada linha a corresponder a uma semana.


Aqui podemos marcar reuniões de subdepartamento, aniversários do colegas e dos alunos e teste escritos ou outras atividades.


Este plano deve acompanhar o docente a todo o momento.


É o calendário perfeito: dobrado vê-se o pormenor; estendido vê-se o ano todo.


Não há dispositivo digital que substitua este plano. Vai uma aposta?





Tempo 05P - Planear a vida pessoal


É um planeamento semanal para cada docente.


Assinalam-se as aulas e os tempos não letivos.


É um plano estritamente pessoal.


Aqui a vida pessoal cruza-se com a vida profissional.


Os mais modernaços já podem recorrer ao digital: qualquer monitor de 2 palmos permite esta visão global da vida íntima de qualquer docente.


Com o telemóvel não é fácil, mas podem tentar.




Tempo 06P - Conteúdos por semana


Um dos grandes desafios do docente e dos alunos passa por saber em que se concentrar em cada semana, já que o ciclo escolar se concretiza semana após semana.


Como distribuir os vários assuntos semana após semana, ao longo de todo o anos letivo?


Torna-se assim, importante dispor de uma grelha que abarca todo o ano letivo, dividida em semanas e em que em cada semana decidimos o assunto que vamos abordar.


Aqui há lugar para definir o que farão os alunos: que tipo de exercícios, de que páginas, que atividades. É também o ponto de partida para os Planos Semanais que poderão ser entregues aos alunos.





Tempo 07P - Planificação semanal


Cada folha A4 tem as aulas a serem lecionadas ao longo de uma semana, referentes a cada turma.


Em papel vai melhor.


Com um tablet gigante, ou com um monitor de boas dimensões não vai mal.


De forma sintética aqui se assinala o que se irá fazer e o que efetivamente se fez, assinalando os alunos que faltaram e o número de cada aula.





Tempo 08P - Objetivos e competências


Entramos agora nesta unidade básica da escola, em risco de cair em desuso, que é a aula.


Se quisermos é a sessão de trabalho.


Uma aula ou uma sessão tem uma limitação que se prende com os limites do cansaço biológico humano: 1 hora? 90 minutos? Vá lá: 2 horas no máximo sem pausa?


Mas nesta fase define-se que capacidades queremos desenvolver: o raciocínio?

A cooperação? A capacidade linguística?


Em Portugal foram definidas 10 competências-chave e cada disciplina define 5 ou 6 objetivos.


É aqui que se associa o que vamos fazer na aula a cada competência ou a cada objetivo.

Aqui se define como vamos potenciar a mente de cada aluno. Tenebrosamente, trata-se de "

por a mão(1) na massa... cinzenta dos alunos.


(1) "Por a mão na massa" é uma expressão idiomática em português que significa "começar a trabalhar" ou "fazer algo com as próprias mãos". Ela é usada para indicar que alguém está se envolvendo diretamente em uma tarefa, em vez de apenas planejar ou falar sobre ela. É como arregaçar as mangas e começar a executar, seja uma atividade prática ou intelectual.





Tempo 09P - Plano de Aula


O trabalho do docente assenta em bloco de tempos em que decorre a interação com os alunos ou "aprendentes".


Este tempo deve ser gerido ao minuto.


Aqui o docente, o encenador ou o realizador de cinema têm tudo em comum.


Gerir a expetativa, as emoções, o ritmo, a alegria, combater o fastio e o tédio.


As neurociências e a psicologia dizem que há períodos de atenção e concentração máxima e períodos em que esta atenção é diminuída.


Aqui a gestão pode ser feita ao minuto, sempre a olhar para o relógio.


Um anfitrião de qualquer festa formal e solene necessita do mesmo cuidado. Veja-se como gerir uma festa de um casamento ou de um batizado.





3)   A gestão temporal do aluno

(ver proximamente)


Bom trabalho

© Eduardo Rui Alves

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